28 de dez. de 2009

Chega!!!

No próximo evento do GCAP estaremos lançando um novo CD. (ver data na programação do evento). Desta vez, uma das nossas preocupações é com a desconstrução de preconceitos contidos em algumas cantigas de capoeira que continuam sendo cantadas por praticantes desta manifestação, mesmo mestres, que não têm atentado para as subjetividades dos versos. Exemplo:
Tava lá no pé da cruz
Fazendo a minha oração
Quando apareceu um negro
Que era a imagem do cão (diabo).

Enquanto S Antonio é "protetor da barquinha de Noé"

Ou então, o corrido do tipo: Quebra milho como gente, macaco!!

Que a capoeira seja, também, um instrumento de elevação da auto-estima do afro-descendente já tão massacrado pela indústria midiática.

Mestre Moraes.

23 de dez. de 2009

EVENTO GCAP 30 ANOS - Programação

4 a 7 de fevereiro de 2010

OFICINAS MINISTRADAS POR MESTRE MORAES

Quinta-feira
17:00 h - Credenciamento
19:00 h - Mesa redonda com Mestres de capoeira renomados da Bahia
Mediador: Mestre Moraes
Lançamento do CD vol. 5

Sexta-feira
9:00 h às 11:00h – Oficina de capoeira
14:30 às 16:30h – Palestra: Na prisão um jardim: redescobrindo a história do Forte de Santo Antônio. (M. Moraes e Cláudia)
17:00h – 18:00h Roda orientada: aspectos ritualísticos
19:00h – 21:30 Roda de capoeira ( restrita aos inscritos na oficina e aos mestres convidados )

Sábado
9:00 às 11:00 - Oficina de capoeira
14:30 às 16:30h – Papoeira com Mestre Moraes, Mestre Jair Moura e Mestre convidado ( aluno de Mestre Pastinha) – tema livre
17:00 às 18:00 - Oficina de capoeira ( ritmo)
19:00 – Roda de capoeira ( restrita aos inscritos e aos mestres convidados)

Domingo
9:00h às 11:00h – Roda de encerramento aberta
12:00 – Feijoada para os inscritos e convidados.

Exposição fotográfica durante o evento.

Para fazer sua inscrição envie mensagem para o e-mail gcap30anos@yahoo.com.br que forneceremos os detalhes.
Valor da inscrição R$ 120,00

19 de dez. de 2009

horário de aulas no GCAP.

Os horários de aulas no GCAP são os seguintes:
terças e quintas das 19 às 21:00
aos sábados das 16 às 17:30
todos os dia,pela manhã, das 9:30 às 11:00 ( aulas também ministradas por mim)
Neste verão estarei dando aulas pela manhã para quem quiser fazer aulas avulsas.

Os interessados podem entrar em contato através dos e-mails:
bantumoraes@yahoo.com.br
gcap.bahia@yahoo.com.nr



Mestre Moraes.

16 de dez. de 2009

Estou retornando com o pensamento do mes.

Crucifiquem-me, furem os meus olhos,cortem a minha língua, mas não atingirão a minha consciência.

15 de dez. de 2009

Estou de volta.

O evento que estamos organizando tem tomado o meu tempo.Os problemas ainda não foram resolvidos em toda sua totalidade, mas a poeira baixou um pouco. A partir de agora estou de volta para darmos continuidade aos nossos bate-papos.
Fiquem atentos porque muitas novidades estão vindo por aí.

Saudações capoeirísticas,

Moraes.

6 de dez. de 2009

Roda no GCAP

Sugestões de hospedagem durante o evento

Pesquisa feita pelo GCAP

1- Albergue das Laranjeiras - o preço da diária varia com a carteira de albergues que custa R$ 20 para brasileiros e R$ 40 para estrangeiros;
Diária quarto coletivo: R$ 38 sem carteira / R$ 30 com carteira
Diária quarto individual: R$ 75 sem carteira / R$ 65 com carteira
Diária quarto casal: R$ 140 sem carteira / R$ 130 com carteira
Tel: (71) 3321-1366

2- Albergue do Pelô: R$ 30 com café da manhã
contato@alberguedopelo.com.br

Providenciem suas reservas com bastante antecedência uma vez que estaremos em época de carnaval.

2 de dez. de 2009

Alteração de data - Oficina em São Luís do Paraitinga

Informamos que por motivo de força maior a Oficina de Capoeira Angola a ser realizada no núcleo do GCAP de São Luís do Paraitinga - SP foi remarcada para os dias 11,12 e 13 de dezembro de 2009.
As demais condições continuam inalteradas.

Pedimos desculpas pelo transtorno. Maiores informações gcap.bahia@yahoo.com.br

24 de nov. de 2009

Paraitinga tem Angola

Realização do Núcleo do GCAP de São Luís de Paraitinga - SP

OFICINAS MINISTRADAS POR MESTRE MORAES

04 a 06 de Dezembro de 2009.

Inscrições pelo e-mail gcap.bahia@yahoo.com.br
Valor R$ 120,00 até 30/11 após essa data R$ 150,00

PROGRAMAÇÃO

04 de dezembro (sexta-feira)

Das 10:00 às 12:00 - Oficina de movimento e ritmo
Das 14:00 às 16:00 - Oficina de movimento e ritmo
Local: Escola Coronel Domingues de Castro

05 de dezembro (sábado)

Das 10:00 às 12:00 - Oficina de movimento e ritmo
Local: Escola Coronel Domingues de Castro
Das 14:00 às 16:00 – Palestra – Capoeira e Patrimônio Cultural
Local: Espaço da Cultura Caipira

06 de dezembro (domingo)
Das 10:00 às 12:00 - Roda de Capoeira Angola para os participantes
da Oficina

15 de nov. de 2009

11 de out. de 2009

PROGRAMAÇÃO - GCAP 30 ANOS DE RESISTÊNCIA

4 a 7 de fevereiro de 2010

OFICINAS MINISTRADAS POR MESTRE MORAES

Quinta-feira
17:00 h - Credenciamento
19:00 h - Mesa redonda com Mestres de capoeira renomados da Bahia
Mediador: Mestre Moraes

Sexta-feira
9:00 h às 11:00h – Oficina de capoeira
14:30 às 16:30h – Palestra: Na prisão um jardim: redescobrindo a história do Forte de Santo Antônio. (M. Moraes e Cláudia)
17:00h – 18:00h Roda orientada: aspectos ritualísticos
19:00h – 21:30 Roda de capoeira ( restrita aos inscritos na oficina e aos mestres convidados )

Sábado
9:00 às 11:00 - Oficina de capoeira
14:30 às 16:30h – Papoeira com Mestre Moraes, Mestre Jair Moura e Mestre convidado ( aluno de Mestre Pastinha) – tema livre
17:00 às 18:00 - Oficina de capoeira ( ritmo)
19:00 – Roda de capoeira ( restrita aos inscritos e aos mestres convidados)

Domingo
9:00h às 11:00h – Roda de encerramento aberta
12:00 – Feijoada para os inscritos e convidados.

Atividades previstas que acontecerão durante o evento:
- lançamento do CD vol. 5 do GCAP
- exposição fotográfica

Para fazer sua inscrição envie mensagem para o e-mail gcap30anos@yahoo.com.br que forneceremos os detalhes.
Valor da inscrição R$ 120,00

10 de out. de 2009

GCAP - 30 ANOS DE RESISTÊNCIA.

No período de 4 a 7 de fevereiro de 2010, ano em que o GCAP completa três décadas de fundação, realizaremos um evento que também contemplará o aniversário de 60 anos de Mestre Moraes, presidente e fundador do Grupo de Capoeira Angola Pelourinho.

Nestes quatro dias, acontecerão oficinas de capoeira angola, rodas de capoeira, palestras, exposição de fotografias e uma feijoada no encerramento do evento. O local das atividades será no Forte Santo Antônio Além do Carmo, sede do GCAP desde 1983.

Para fazer sua inscrição envie mensagem para o e-mail gcap30anos@yahoo.com.br que forneceremos todos os detalhes.

Valor da inscrição R$ 120,00

22 de set. de 2009

PROGRAME-SE : GCAP 2010

Em 2010, ano em que o GCAP completará 30 anos de fundação, realizaremos um evento de Capoeira Angola no período de 04 a 07 de fevereiro. Nesta ocasião, também será comemorado o aniversário de 60 anos do Mestre Moraes. Oficinas, seminários, exposições e outras atividades farão parte das nossas comemorações. Em breve disponibilizaremos programação, informações sobre hospedagem e inscrições.

21 de set. de 2009

Festa brasileira na Terra do Sol Nascente.

Fui um dos convidados para a celebração do dia da Independência do Brasil, comemorada pela Embaixada Brasileira no Japão.Festa linda!Teve de tudo que pudesse fazer com que nos sentíssemos no Brasil: samba, caipirinha, feijoada, churrasco e, claro, não faltou a capoeira angola, representada pelo núcleo do GCAP em Tóquio, sob a coordenação de Kenji.
Dei uma oficina para crianças e uma outra para adultos.Foi muito legal observar o interesse que a maioria dos japoneses têm pela nossa arte, além da facilidade para a absorção dos seus princípios: filosofia, religiosidade, historicidade,etc;
Foi legal reencontrar meus mussuco japoneses e poder transmitir-lhes mais um pouco da minha experiência.
Arigatoo gozaimassu à Embaixada do Brasil em Tóquio e ao GCAP- Japão.

Mestre Moraes.

17 de set. de 2009

Basta que sejamos respeitados.

Fiquei algum tempo sem trazer notícias porque estava esperando o resultado final de um processo que se encontrava em andamento e, felizmente, chegamos a um final feliz. Interpreto como felicidade o fato de desta vez ter sido respeitado o significado da nossa presença dentro do Forte da Capoeira.Quero falar da Semana Iguatemi de Moda que acontecerá nos dias 23 e 24 de setembro.
Em alguns momentos as discussões entre as partes ficaram acaloradas devido à nossa preocupação para encontrarmos uma forma de participação dos mestres de capoeira em um desfile de modas, de forma que não nos deixassemos ser flagrados, em lugar de capoeiristas, apresentando um novo modelito para praticantes de capoeira.
No final, ficou resolvido entre os organizadores do evento e os mestres do Forte Santo Antonio, que os mestres seriam homenageados através de um documentário- história de vida de cada um- que será projetado em telões nos intervalos dos desfiles. Ficou decidido, também que não apoiaremos nenhuma participação da capoeira, neste evento, que conote descaracterização desta arte.
Vale destacar a união entre os mestres, sediados naquele forte, além da contribuição do Sr. Magno Neto intermediando o diálogo entre as partes quando se fez necessária a presença de um mediador. Foi relevante a sua participação em todo o processo.Durante as discussões tive que ausentar-me por alguns dias por motivo de viagem, mas Cláudia mostrou competência enquanto vice-presidente do GCAP, auxiliando o Mestre Curió na sua função de meu suplente junto à Secretaria de Cultura.
Em resumo, ficou provado que os capoeiristas têm condição de dialogar com outros seguimentos culturais desde que sejam ouvidos e tenham as suas idéias levadas em consideração.

Mestre Moraes ( Representante dos Mestres do Forte da Capoeira, junto à SECULT)

19 de ago. de 2009

A luz no fim do túnel volta a acender.

Foi publicado, no dia 07/08/09 no Diário Oficial do Estado da Bahia, o meu nome como representante dos mestres de capoeira, do Forte da Capoeira, junto à Secretaria de Cultura- SECULT, e já participei da primeira reunião da comissão. Por sinal, muito produtiva.
Após a publicação do texto com o título "Não estamos para brincadeira", tive uma conversa com o Sr. Magno Neto, gestor do Forte, e cheguei à conclusão de que o mesmo não era o culpado pelos fatos que deram lugar às críticas feitas por mim no artigo supra-citado. Dentre outros, a prática de atividades por grupos estranhos ao Forte sem o aval da administração.Diante disso venho a público pedir-lhe desculpas por ter citado o seu nome indevidamente.Não houve precipitação da minha parte, mas a certeza de que coisas do tipo, em tese, não poderiam estar acontecendo sem o conhecimento do gestor.O pedido de desculpas é prova da consciência em mim de que o conflito não justifica a injustiça ou o desrespeito.

Mestre Moraes.

9 de ago. de 2009

Roda em homenagem ao dia dos pais.

Família GCAP

No último sábado, dia 8 de agosto, a tradicional roda de capoeira do GCAP homenageou o dia dos pais. No costumeiro bate papo que acontece todos os sábados, após a nossa roda, o Mestre Moraes destacou a importância da família na formação dos filhos relacionando-a com a ligação entre mestre e aluno no processo de ensino e aprendizagem da capoeira.








Jogo: Mestre Moraes e sua filha Dalila

8 de ago. de 2009

Não estamos de brincadeira.

Caros companheiros,

Continua o desrespeito da SECULT ( Secretaria de Cultura do Estado da Bahia) para com os mestres de capoeira sediados no Forte Santo Antônio. Tal comportamento passa pelo não cumprimento de acordos firmados em reuniões entre o Sr. Magno Neto, enquanto representante da SECULT, e os mestres residentes. O Sr. Magno Neto tem tentado nos enganar representando uma falsa imparcialidade ao fazer de conta que está entendendo os nossos pleitos, mas de repente mostra para o que veio. Fui eleito representante dos mestres, com maioria dos votos, para compor a comissão que estruturará o quadro diretor do Forte da Capoeira, mas até agora não foi publicado no Diário Oficial do Estado a minha nomeação para que eu possa atuar como tal. Além de outros problemas que, claramente, conotam falta de seriedade na relação. Tentaremos marcar uma reunião extraordinária com o Sr. Magno para decidirmos por uma relação que prime pela seriedade. Insistimos em não querer acreditar que à SECULT, na pessoa do Sr. Magno, só interessa o conflito.

Mestre Moraes.

2 de ago. de 2009

Pensamento do mês.

Na luta por direitos, não serão laureados pela história aqueles que preferiram o conforto e a conveniência ao embate contra a opressão.

Mestre Moraes.

23 de jul. de 2009

Cuba é aqui.

A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia(SECULT), continua inflexível quanto à aceitação do Sr. Magno Neto, atual gestor, como porta voz das nossas inquietações. A Secult continua insistindo na indicação de uma comissão composta de três pessoas indicadas pelo secretário.(ver neste blog o texto: banana comendo macaco!!!!!!!!?).
Acreditando não estarmos atentos para os comportamentos que destoam do conceito de democracia, fomos convidados pela administração para recepcionarmos o Presidente de Cuba, Sr. Raul Castro, em visita a Salvador, no dia 22/07, para o que nos recusamos.Como sempre, deram um jeitinho para fazer de conta para o Governador Jaques Wagner de que tudo vai bem no Forte da Capoeira.
Nós, mestres de capoeira e alunos, em atividade naquele espaço, não desistiremos da luta.

Ogum nos protejerá.

Os mestres do Forte Santo Antônio.

20 de jul. de 2009

Oficina em Fortaleza

Nos dias 17, 18 e 19 deste mês Mestre Moraes esteve no Grupo de Capoeira Atitude em Fortaleza.


15 de jul. de 2009

Preços.

Ao anônimo que comparou o nosso blog com um schoping, (acredito que ele queria escrever shopping) informo que nada tenho contra quem ganha dinheiro com capoeira desde que o produto que esteja sendo oferecido seja de boa qualidade. Quanto a mim, que já conheço as histórias dos mestres Bimba, Pastinha e outros, não tenho nenhum melindre em cobrar pelo meu trabalho, mas garanto que é de boa qualidade. Saia do anonimato e venha conferir.
Para evitar ser vítima das "baixas estações" e para não ter que vender meu produto barato, tenho emprego fixo e casa própria.
Quanto ao preço das camisas, não poderemos atender ao seu interesse porque não as comercializamos. Nossas camisetas simbolizam a pertença, de quem as estiver usando, ao nosso grupo. É como uma carteira de identidade. Daí o nosso cuidado.
Os nossos Cds estão à venda, sim. Quanto aos preços, apesar da qualidade, são bem baratos. Inclusive um deles foi indicado para concorrer a uma edição do Grammy.

12 de jul. de 2009

Sobre o mestre Curió.

Oi Nina,
Eu juro que é a primeira vez que ouço tal coisa. Fui checar, e creio que possa ter sido um engano do entrevistador Conheço uma pessoa que pode te ajudar. Ele é conhecido como Luiz Coice de Mula. Você pode encontrá-lo na Baixa do Bonfim, aqui em Salvador, onde ele tem uma banca de revistas. Ele sabe muita coisa sobre a academia do Mestre Pastinha. Quando eu cheguei lá, ele já estava.


Mestre Moraes.

11 de jul. de 2009

preço de aulas e rodas

Respondendo a um anônimo quanto ao preço das aulas e da roda, informo que os membros do GCAP pagam mensalidade, e os alunos avulsos pagam por aula. Quanto à roda, basta que você compareça e contribua com a sua energia para um bom andamento da nossa vadiação.

M. Moraes.

6 de jul. de 2009

Ficaremos na espera.

Fomos informados pela Administração do Forte da Capoeira de que a reunião que teríamos amanhã, dia 07/07, foi adiada para o próximo dia 14/07.

Vocês são D+

Nós, eu e vocês que tem votado em mim, já estamos dentre os cem (100) blogs mais votados. Esse resultado me estimula a dar continuidade à proposta inicial, ou seja: disponibilizar para os visitantes deste blog todo o conhecimento de capoeira que adquiri nestes 50 anos de prática ininterrupta. Continuem votando. Esta votação se encerra em 11/08/09.

Obrigado a todos pelo reconhecimento.


Mestre Moraes.

Pensamento do mês.

O poder em defesa da liberdade é maior que o poder a serviço da tirania.

Malcolm X, 1925-1965.


A capoeira vencerá.

vamos lá brincar na roda.

Todos os sábados, das 19:00 às 21:00, acontece a roda do GCAP no Forte Santo Antonio. Para uma boa relação com o nosso grupo e o mestre, alguns princípios precisam ser observados caso o visitante pretenda participar da roda:

1- Procure chegar, pelo menos, 15(quinze) minutos antes do início da roda.
2- Leve o uniforme do seu grupo ou academia, o qual deve estar limpo.
3- Evite comparecer sob o efeito de qualquer droga, lícita ou ilícita.
4- Vá disposto(a) a participar integralmente: jogando, cantando e tocando.
5- A energia da roda depende da sua presença até o final dela. Não se ausente antes do término.
6- É proibido filmar ou fotografar a roda sem prévio consentimento do mestre ou de quem o estiver representando.
7- Deixe a violência para outro momento diferente da roda.

Cumprindo estes princípios, as nossas portas estarão sempre abertas para qualquer capoeirista, independente de estilo ou procedência.


Mestre Moraes.

5 de jul. de 2009

Banana comendo o macaco!!!!!!!!!!!!!!?

Depois de conversa entre os mestres de capoeira, do Forte Santo Antonio, e o atual gestor Sr. Magno Neto, vislumbrou-se a possibilidade de uma gestão participativa onde os mestres de capoeira passariam a ser informados, com antecedência, de todas as ações pensadas pela Secretaria de Cultura (SECULT) para aquele espaço cultural. Acreditamos que aquele momento marcaria o final de um conflito entre os capoeiristas do Forte e o atual governo, conflito este que teve início desde a chegada do atual gestor, há dois anos aproximadamente. Agora, na surdina, a Secretaria de Cultura do Estado resolveu reacender o conflito criando alguma coisa do tipo "Comissão Mediadora" que teria a função de mediar o diálogo entre os mestres e a SECULT. Ora, a capoeira dentro do Forte Santo Antonio, desde o início do atual governo, só tem acontecido graças ao denodo dos mestres e alunos que, pelo amor á capoeira, não fraquejaram diante da total falta de atenção dispensada por esta secretaria, sabendo que, no Forte, encontra-se a maior e a mais antiga lenda viva da capoeira: o Mestre João Pequeno. Mostramos, durante esses anos, que não precisamos de ninguém, de fora capoeira, nos orientando na relação com esta arte secular. Em matéria especial,em jornal de grande circulação, declarei e afirmo que a capoeira, na Bahia, vem vivendo seu pior momento, graças ao descaso do governo para com este seguimento cultural.
Fomos informados também de que, na composição desta comissão terá um capoeirista indicado pela Secretaria, não ligado ao Forte e funcionário da SECULT; talvez com a função de "decodificar" o discurso dos mestres ou "traduzir" para estes as ideias da Secretaria.
Na última reunião que tivemos com o Sr. Magno Neto, deixamos clara a nossa indignação diante do que classificamos como um desrespeito aos mestres de capoeira do Forte e, aproveitando o atual gestor como pessoa capaz e bastante para representar-nos junto à SECULT, pedimos-lhe que transmitisse ao Sr. Secretário de Cultura Márcio Meireles de que vimos esta decisão com desconfiança, além que vermos como mais uma forma de intervenção na capoeira o que não aceitaremos passivamente. Já foi dito neste blog que abraçaremos as parcerias mas repudiaremos, com veemência, qualquer tipo de intervenção.
Nesta terça-feira, dia 07/07, teremos uma reunião com o Sr Magno quando teremos uma resposta da SECULT quanto ao nosso desacordo, do que manterei o público capoeirista informado seja a resposta positiva ou negativa.

Mestre Moraes.

13 de jun. de 2009

Esperemos mais um pouco.

Esta história vem desde 1986 aproximadamente. É uma história que não dá para ser contada em poucas linhas. Um livro já começou a ser escrito relatando fatos que se assemelham aos momentos de perseguição à capoeira no século 19.
Por enquanto, estamos retomando um jogo que pode mudar o curso da história da capoeira naquele espaço.

Moraes.

11 de jun. de 2009

Uma luz no fim do túnel.

Em matéria publicada no jornal A TARDE, (10/05/09), comentei sobre a situação triste em que se encontra a capoeira na Bahia. Essa situação só será sentida por aqueles que vivem a capoeira holisticamente e, mais uma vez, a energia dos nossos ancestrais mostrou a sua força em favor dessa manifestação. Conversas já estão acontecendo entre os mestres e a gestão do Forte da Capoeira com o objetivo de, em conjunto, criarmos estratégias que tornem a capoeira e os seus mestres reconhecidos e respeitados naquele espaço, o que não vinha acontecendo nos últimos dois anos. Ainda é muito cedo para afirmarmos que isso seja um jogo entre malungos, mas estamos preparados para, se necessário for, voltarmos ao "pé do berimbau" para reinício do jogo.
A capoeira vem resistindo a todas as formas de intervenção patrocinadas pelos poderes governamentais porque só nós, capoeiristas, sabemos como salvaguardar os elementos que caracterizam essa manifestação como um instrumento de luta do proletariado.
O comportamento do capoeirista é, em muitos momentos, errôneamente, interpretado como simples radicalismo ou como uma reação espasmódica da revolução. Isso se dá pelo fato de muitos não terem conhecimento de que capoeira é dotada de elementos que extrapolam o simbolismo do folclore e de outras vertentes de fácil controle. Entretanto a capoeira, em todos os momentos da sua história, nunca desdenhou de parcerias mas reagiu sempre que se sentiu ameaçada por qualquer forma de intervenção.
A defesa deste legado, deixado pelos antigos mestres, está em nossas mãos e devemos fazê-la de forma que eles, onde estiverem, sintam-se orgulhosos de nós.

8 de jun. de 2009

Só para refletir.

Fazer movimentos de capoeira angola não significa ser angoleiro, assim como, fazer movimentos de capoeira não significa ser capoeirista.
Os movimentos de capoeira são acessíveis a qualquer um que queira aprendê-los. Sentir a capoeira angola e suas subjacências é que é o problema. De tal forma que, antigamente não tínhamos tantos mestres.


Mestre Moraes.

3 de jun. de 2009

Mais uma ladainha para reflexão.

IRMANDADE

Sabiá voou da mata(bis)
Prá fugir do gavião
Gavião ficou perdido
Sem saber da direção
Perguntou ao papagaio
Que logo falou: não digo!
Amigo da mesma laia
Não ajuda a inimigo
Quanto mais se observar(bis)
Que também corre perigo
Mas não tava muito longe
A danada traição
Pato pra se proteger
Colocando condição
Entregou o sabiá
Sem dó e sem coração
Sinto dor dentro do peito
Quando vejo hoje em dia
Tanto pato e gavião
Numa mesma moradia.

Quem tem competência não precisa de pedigree.

A quem interessar possa.
Exatamente, no dia 05/04/2009, os alunos do Mestre João Pequeno promoveram o evento:Pastinha e seus sucessores, cujo objetivo foi reunir ex-alunos da escola do mestre Pastinha. Na ocasião, além de discorrer sobre o uso das cores amarela e preta pela maioria dos praticantes de capoeira angola, tive a salutar oportunidade de compartilhar lembranças que marcaram o meu início nessa arte na presença de Fernando PM, Gildo, Bola Sete, Vermelho(o de Ondina),além do próprio mestre João Pequeno.Nunca afirmei ter sido aluno do mestre Pastinha. No Pelourinho, ainda criança, além de absorver parte do conhecimento de outros mais antigos na casa, tive o prazer de treinar com os mestres João Grande e João Pequeno; ainda vivos para confirmar o meu relato. Leiam o livro do mestre João Pequeno.Se não me engano, na página 11, ele conta parte da minha história.
Nada me falta, enquanto mestre de capoeira angola, em consequência de não ter treinado diretamente com o saudoso mestre Pastinha(tenho dado provas disso). Tive o prazer de conheçê-lo e, realmente, certa feita trouxe os meus alunos do Rio de Janeiro para conheçê-lo.Sempre corrigi quando fui confundido na minha afirmação, inclusive chamando a atenção para o fato de que um físico não terá a sua competência diminuida porque esse profissional não teve a oportunidade de tomar aulas com Isaac Newton.
Essa é uma boa discussão quando não tende para o desmerecimento de ninguém, mas para freiar o comportamento de alguns que têm transformado mentiras em tradição, seja no que concerne ao nome do mestre Bimba ou do mestre Pastinha.
Focar a discussão em meu nome e de outros pode ser uma estratégia de alguns para que não venham a ser descobertos.

Mestre Moraes.

1 de jun. de 2009

Pensamento do mês

Don't let anything stop you. There will be times when you'll be disappointed, but you can't stop. (Sadie T. M. Alexander, 1898-1989, lawyer and activist)

Tradução:
Não deixe ninguém te parar. Haverá tempos em que você se sentirá desapontado, mas você não pode parar. (Sadie T. M Alexander, 1898-1989, advogado e ativista)

18 de mai. de 2009

A roda de capoeira: um espaço sagrado.

Ultimamente,alguns praticantes de capoeira não têm dispensado o devido respeito ao espaço onde é praticada a capoeira:a roda. A preocupação com a disposição dos instrumentos é pura perda de tempo. A questão é se esses instrumentos estão preparados para cumprir as suas funções, o que depende de estarem bem afinados e bem tocados.A energia da roda de capoeira está diretamente relacionada à capacidade dos tocadores os quais têm função semelhante, nas devidas proporções, aos tocadores de candomblé (alabês) que, através do rítmo e da música, conseguem fazer contato com orixás,inquices ou voduns - a depender da nação -, e assim convidá-los para participarem da festa.
Na roda de capoeira também é possível essa relação dos tocadores com essa ancestralidade(espiritualidade) da capoeira, desde que esses tocadores estejam preparados para fazer essa comunicação. No caso específico da capoeira,inexiste a necessidade de iniciação, como acontece com os alabês, como alguns podem vir a acreditar, mas é indispensável o aprendizado anterior com um mestre de capoeira que tenha a condição de transmitir os segredos dessa comunicação.Para um entendimento da dinâmica energética da roda tentarei, metaforicamente, apresentar todo o seu desenvolvimento.
Imaginemos que os tocadores, de todos os instrumentos, sejam os "fósforos", e que o tocar os instrumentos e o início do canto (ladainha) simbolize o riscar desses fósforos. As "velas" que estão delimitando a roda começam a receber "energia térmica" e entram em combustão, o que é simbolizado ao responderem a ladainha e o corrido. Logicamente, as duas "velas" que estão mais próximas dos "fósforos" irão receber mais energia que as outras, o que resultará em derretimento e consequente amalgamento capaz de dificultar, para os desendentidos, o que realmente está acontecendo no centro da roda com aquelas duas velas em processo de "derretimento".
Os elementos simbólicos da roda de capoeira estão à disposição de qualquer um. O desafio é conseguir transformar esses elementos em energia, de forma a estimular o transe.

MESTRE MORAES (indicado para o Grammy 2004, categoria Traditional World Music, pela National Academy of Recording Arts& Sciences)

16 de mai. de 2009

Pensamento do mês

You diminish a person's humanity when you call him out of his name.
Cornel West,1954-
Philosopher and Activist.

Você diminui a humanidade de uma pessoa quando você a chama por um nome diferente.
Cornel West, 1954-
Filósofo e Ativista.

15 de mai. de 2009

Seguindo em frente.

Conforme prometido, segue uma das minhas músicas.

Eu já lhe disse que sou
Planta de raiz profunda
Eu aguento tempestade
O meu barco não afunda
Eu sou aço de primeira
Que a brasa não derrete
Flecha de má pontaria
Duvido que me acerte
Forte como o baobá
Tronco grosso e resistente
Osso duro de roer
Que não é pra qualquer dente
Nasci carne de terceira
Difícil de cozinhar
Mas sou fácil pra qualquer
Que saiba me conquistar
Que não venha com coleira
Pra querer me escravizar.

Roupa de homem não dá em menino.

Aconteceu o que eu queria: mexer com o pessoal que há muito tempo vem, em nome da tradição, se utilizando de simbologias que só reforçam o preconceito, o racismo e a agressão à estima do outro. Pior, os alunos pagam para ser desrespeitado. Como estratégia para sensibilizar os incautos estão dizendo que eu quero desqualificar o mestre Bimba. Até Jesus Cristo entrou na roda como a pessoa que deu apelido a S. Pedro, ou que até ele mesmo tinha o apelido de Jesus Nazareno. Graças a esse mesmo Jesus não temos mais inquisição. Daqui a pouco, mais uma vez em nome da tradição, vão querer crucificar o aluno. Um outro achou que descobriu a pólvora, divulgando que no Rio de Janeiro eu, até usei e dei cordéis aos meus alunos. É verdade, sim. Em um determinado momento, muito curto, da minha história como mestre de capoeira no Rio de Janeiro acreditei que, aliando-me aos movimentos da época estaria ajudando à capoeira no seu desenvolvimento. Quando observei, em tempo, que algumas práticas seriam prejudiciais aos objetivos sócio-políticos da capoeira, deixei-os de lado e comecei a chamar a atenção daqueles que ainda não tinham observado tais armadilhas. Caso haja o interesse, é possível encontrar várias histórias, em que capoeiristas que depois de algum tempo abriram mão de práticas que não condiziam com o que ele/ela acreditava.Numa recente reportagem para um jornal de grande circulação, aqui na terra do Senhor do Bonfim, o meu amigo Nenel afirmou que um dia tentou usar as faixas ou cordões mas voltou atrás quando observou que tal prática acabou indo contra os princípios que ele tinha da capoeira: quem sabe mais ajuda quem sabe menos. Com o advento das graduações, nos moldes que temos hoje, muita gente se sente superior ao outro. Será que Nenel está querendo, também, desqualificar o pai dele?Quando retornei, do Rio de Janeiro para Salvador,(década de 80) encontrei alguns mestres de capoeira, angola, usando os tais cordéis. Conversei com todos eles e, após alguma resistência natural, tal simbologia foi gradativamente abolida.Quando no meu blog afirmei a contemporaneidade entre os apelidos e a capoeira regional não pensei em atingir o saudoso Mestre Bimba nem a nenhum outro mestre em especial, mas áqueles que consciente ou inconscientemente, continuam com uma prática que tem sido, atualmente, foco de discussões. Principalmente nas escolas, pelo efeito que o apelido causa no psique das crianças e adolescentes Aliás, dos antigos alunos do mestre que se tornaram famosos e que receberam apelidos pejorativos, inteligentemente, não permitiram que tais apelidos viessem a criar raízes. Já ouviram falar em pinico? E outros de uma grande lista. Entendo essa polêmica como resultado de uma discussão que, com certeza, levará muitos alunos e até mestres à reflexão. Outros, no afã de justificar seus comportamentos, não sairão da frente do computador buscando a história do Mestre Moraes. Tenho a certeza de que só divulgarão o que servir como instrumento para a negação dos meus feitos pela capoeira. Ora, isso está virando moda. Até o Mestre Pastinha já foi vítima dessa forma tendenciosa de fazer pesquisa. Naquele momento eu não me pronunciei porque sei da impossibilidade de alguém, seja quem for, conseguir negar o significado do Mestre Pastinha ou Mestre Bimba para a história da capoeira. Seria alguma coisa do tipo, banana comendo o macaco. Ops! De qualquer forma, quero agradecê-lo por lembrar-me da minha condição de aprender com os erros. Lembre-se que, todos nós, já fizemos as nossas necessidades fisiológicas nas fraldas quando bebês. Eu cresci, adquiri experiências, fui tornado mestre de capoeira e parei. Agora estou tentando ensinar, aos que ainda são crianças, como limpar o bumbum. Ninguém está obrigado a aceitar as minhas orientações. Nem os meus alunos. Finalizo aqui a discussão sobre o tema, pois tenho outros assuntos concernentes à capoeira a serem apresentados. Moraes.

11 de mai. de 2009

Meu cantar tem sentimento.

Estou preparando um artigo sobre a importância da música na capoeira angola, além de estar interpretando algumas letras de músicas dos CDs do GCAP.


PODEM ESPERAR!


Mestre Moraes.

Diga-me o seu nome, e dir-te-ei quem és.

O envolvimento das elites com as manifestações populares é caracterizado, também, pela seleção de simbologias que sirvam como prova real deste envolvimento. No caso específico da capoeira, a ocupação deste espaço foi seguida pela absorção de elementos externos, ligados à escravidão, os quais têm sido utilizados sem critérios históricos o que, geralmente, resulta no que denominamos, hoje, de politicamente incorreto. Exemplos como a não utilização de calçado, calças acima do tornozelo, e outros exemplos que simbolizam uma capoeira eternamente escrava. Mas limitar-me-ei a um deles, o apelido, devido aos efeitos negativos para a auto-estima, e pelo desrespeito a todo ritual por que passa um ser humano, antes e após o nascimento, para receber um nome.
O interesse pela utilização de elementos que identifique a capoeira como mais uma manifestação de matriz africana, passa por uma pesquisa mais apurada, neste caso, do que significava para o escravizado a perda do seu nome.
Vale informar que, na realidade, a prática de batizar o aluno e dar-lhe um apelido é tão jovem quanto a criação da capoeira regional. Nas várias obras que versam sobre a capoeira, pelo menos até o final do século XIX, não encontrei registro que justifiquem tal "ritual" como tradição ligada à capoeira. Só consigo interpretar tal prática como mais uma forma de racismo que já não tem cabimento, diante dos diferentes espaços que a capoeira vem ocupando, uma vez que a maioria desses apelidos têm conotação pejorativa.
Historicamente, duas nacões africanas são reconhecidas como mais numerosas na preferência dos traficantes durante o tráfico atlântico: os angolas, que eram batizados no momento do embarque no porto de Luanda, e os nagôs que recebiam os sacramentos católicos nos portos de chegada. O batismo se caracterizava pela troca do nome de origem por um nome cristão, adicionado à etnia do escravizado. Ex: Manoel Angola, Antonia Nagô , e assim por diante. No Brasil, mesmo ao serem alforriados, não ficavam livres das marcas da escravidão. Ao nome cristão era acrescentado o sobrenome do senhor de engenho, ex-proprietário do escravizado. Observa-se que o objetivo era a desconecção do africano com os seus parentes, a partir da perda de identidade.
João Reis, além de apresentar rituais afro-orientais que caracterizam a simbologia do nome para o africano, afirma o nome pessoal como "peça de resistência ao lado do nome dado pelo senhor." ( Reis:315). Ainda, segundo Reis, "o batismo simbolizava para a maioria dos escravos a trágica passagem da posição de africanos para a de escravos. Ao preservarem os velhos nomes étnicos ou mulçumanos, eles buscavam reter uma parte importante e muito significativa da memória e identidade pessoais."(Reis:316). Aqui, o batismo era o momento em que o africano, além de mudar de nome, era obrigado a deixar para trás as suas experiências religiosas tendo que, obrigatoriamente, aceitar a religião católica, do que os escravocratas nem sempre obtiveram êxito.
Como sabemos, capoeira e capoeiristas foram perseguidos pela polícia em todos os lugares em que se apresentaram. A História está repleta de fatos que reforçam esta minha afirmativa. De tal maneira que, segundo Holloway, no Rio de Janeiro do século XIX, "[...] desde a criação da intendência em 1808 até a década de 1890, boa parte da força policial destinou-se a reprimir a capoeira". Ainda conforme o autor, até o ato de arremessar pedras contra alguém poderia levar o autor a ser enquadrado na atividade genericamente denominada de capoeira.( Halloway:53).
Observamos que, para o Rio de Janeiro,"o termo se aplicava a várias atividades exercidas sobretudo por escravos [...]". (Halloway:52).
Algumas pessoas tentam explicar a "tradição" do apelido com a justificativa de que os capoeiristas de antigamente se utilizavam desse artifício para se esconderem da polícia. Vale atentar para o fato de que essa era, e continua nos dias de hoje, uma estratégia da repressão policial para que suas investidas contra perseguidos homônimos não fosse prejudicada. O apelido era escolhido a partir do estereótipo do indivíduo, semelhante à forma como vem acontecendo na capoeira. Conforme o capoeirista que estiver sendo batizado ele pode, a partir daquele momento, ser chamado de Macaco ou Brad Pitt; Capenga ou Diego Hipólito ;Xuxa ou escrava Isaura.
Claro que o afro-descendente, nem sempre dotado de uma beleza cartesiana, dificilmente será agraciado com um apelido não pejorativo, já que a referência é o extereótipo.Tenho feito a experiência de perguntar a alguns capoeiristas - àqueles que carregam os apelidos mais degradantes - se seus pais, irmãos e outros parentes o tratam por tal apelido, e a resposta da maioria é sempre negativa.
Diante dessa realidade e atentando para o fato de termos, hoje, a capoeira sendo ensinada em várias escolas, deixo as seguintes perguntas para reflexão: como esse problema tem sido tratado à luz da lei 10.639? Que efeito esta prática faz nas crianças praticantes de capoeira? Onde está o Movimento Negro? E, para finalizar, quando, nas plagas européias, teremos um capoeirista apelidado de Macaco ou uma capoeirista apelidada de Nêga Maluca? Urge que reflitemos.
Caros amigos e amigas capoeiristas, reajam a esse desrespeito. A sua estima em primeiro lugar. O seu nome é o link (ligação) entre você e os seus ancestrais. Aceitar um apelido é abrir mão de estar em contato com uma energia que orienta o seu pertencer. Mas se você gosta do seu apelido, mesmo que pejorativo, eu só tenho que respeitar o seu direito de escolha.
Mestre Moraes

Referência bibliográfica


Thomas H. Holloway, Polícia no Rio de Janeiro:repressão e resistência numa cidade do século XIX, Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1997.

Carlos Eugênio Líbano Soares. A capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro(1808-1850), Campinas, Unicamp, 2001.

João José Reis, Rebelião Escrava no Brasil. A história do levante dos malês em 1835, São Paulo, Companhia das Letras, 2003.

7 de mai. de 2009

Homenagem do mês: Mestre Totonho de Maré

Mestre Totonho de Maré, Antonio Laurindo das Neves, nasceu em 17 de setembro de 1894 na Ilha de Maré, localizada na Baía de Todos os Santos em Salvador. Filho de Manoel Gasparino Neves e de Margarida Neves, faleceu em 18 de outubro de 1974, aos 80 anos. Mestre Maré foi um dos fundadores da famosa Gengibirra ao lado de importantes figuras da Capoeira Angola como Mestres Noronha, Amorzinho, Aberrê, entre outros. Foi muito respeitado nas rodas de capoeira e costumava cantar uma quadra que indicava o lugar privilegiado que ocupava na capoeira angola. Mestre Maré utilizava a expressão “galanteria da capoeira” quando se referia aos antigos mestres da capoeira baiana.

Quem quer saber do meu nome,
como foi dado na pia*
me chamo Maré sem medo,
e sou da galantaria.

*O mestre se referia a pia batismal.

Fonte: Arquivo particular de Jair Moura.

Quando não levam Maomé à montanha, a montanha vai a Maomé.

Diante do grande número de pessoas que tem acessado este blog, informo que muitos outros textos, sobre a capoeira angola, estarão sendo publicados num espaço de tempo o mais breve possível. Observo que estou conseguindo permutar conhecimento com quem quer mais do que, simplesmente, jogar capoeira mas complementar esta capacidade com outras vertentes realmente indispensáveis.

Mestre Moraes.

29 de abr. de 2009

Que tal um Green Peace para a Capoeira Angola?

Hoje em dia, apontar quem é angoleiro ou não, é estar pisando em areia movediça. Principalmente depois que o conceito do "ser angoleiro" ficou limitado a estereótipos que não são nada mais do que uma atividade circence ao som do berimbau, dando-se ênfase ao contorcionismo e às caretas. Daí, diante do elevado número de "angoleiros" que acreditam ser essa a característica única da capoeira angola, qualquer observador mais atento que chame a atenção para tal tipo de comportamento será levado à fogueira da inquisição. Já foi dito: a maioria sempre vence, mesmo que as idéias sejam baseadas num corporativismo irresponsável. Por isso, tenho preferido ater-me à discussão quanto ao que é ser capoeirista ou jogador de capoeira.
Conceituando, o capoeirista deve estar em condição de jogar na roda e na vida, enquanto o jogador de capoeira só está apto a jogar na roda.
Os símbolos, utilizados na roda de capoeira, são de pouca valia no jogo que enfrentamos diariamente no macro-mundo, caso queiramos ver a roda de capoeira como um micro-mundo, apesar de tantos elementos objetivos e subjetivos que a compõe.
A moda do "ser angoleiro" é, antes de qualquer coisa, um desrespeito àqueles que se fizeram capazes de ficar na história e nos servem, até hoje, como referência. Conseguiram, se utilisando dos elementos não palpáveis, confundir a sociedade que tinha e continua tendo um projeto voltado para a sistematização da capoeira e seu consequente controle.
Limitar a capoeira angola a essas efemeridades externas é dar suporte aos poderes, ditos organizados, para, tomando essa maioria imediatista como referência, decidir o que é ou não é capoeira angola.
Urge reconhecermos que a dificuldade para se chegar a um "denominador comum" entre os capoeiristas, nos moldes pensado pelo governo, é consequência dessa variedade de elementos subjacentes nunca entendidos pelos "de fora " daquele grupo identitário. A muitos interessa ver a capoeira angola como uma manifestação que possa ser praticada ou ensinada por qualquer pessoa, independente da necessidade de ter que aprender com alguém de reconhecida experiência. Quem teria a condição de reconhecer um angoleiro de verdade ou de mentira? Só para reflexão, utilizar-me-ei da seguinte metáfora: só quem realmente estiver em transe reconhecerá a condiçao de transe do outro.


Mestre Moraes.

26 de abr. de 2009

Homenagem do mês: Mestre Juvenal

O Mestre Juvenal foi um dos vários mestres que defendeu a Capoeira Angola com a garra de quem defende a própria vida. Aluno do Mestre Samuel Querido-de-Deus, a quem comparava a "um onça"(sic) devido à extrema agilidade daquele. Estivador, como a maioria dos antigos capoeiristas, aproveitava as horas de descanso, após as refeições, na beira do cais para exercitar-se, e aos colegas que quisessem se iniciar na nobre arte.
Quando entrevistado pelo repórter Cláudio Tavares, da revista "O Cruzeiro", em 1948, afirmou ser a capoeira a "sua cachaça", não esquecendo de destacar a Capoeira Angola, "para destacar da Regional de Mestre Bimba" conforme interpretação do repórter.
Mestre Juvenal já não se comportava mais como os tipos de capoeiristas angoleiros, contemporâneos do memorialista Manuel Querino: "[...] pernóstico,excessivamente loquaz, de gestos amaneirados, tipo completo e acabado do capadócio e o introdutor da "capoeiragem" na Bahia". Por força da dinâmica cultural e social, Juvenal já não atendia àquelas características apresentadas por Querino. Cultivava características do seu tempo: musculoso, delgado, mas ágil e elástico,também loquaz e amaneirado.Conforme Tavares, não era um malandro, nem um profissional exclusivo de capoeira, que pudesse ser contratado para qualquer "servicinho" a mando dos grandões. Como outros capoeiristas da época, Juvenal era um trabalhador, um estivador que passava as horas do dia e até da noite no "pesado". Será que essa situação unia mais a capoeira ao capoeirista? Não sei.
Juvenal orgulhava-se do mestre que lhe ensinou os segredos de uma capoeira que "tem golpes para aplicar em qualquer adversário, estando solto ou segurado o angoleiro".
Fonte: revista O Cruzeiro, 10/01/1948.
Próximo homenageado: Mestre Totonho de Maré

A estética no jogo da Capoeira Angola

Falar de estética no jogo de Capoeira Angola é trazer à baila uma discussão sobre o que é belo e o que é feio. Etimologicamente, a palavra estética vem do grego aisthesis que dentre outros significados quer dizer também "percepção totalizante ", daí o erro daqueles que querem ver a beleza analisando só o exterior do objeto sabendo-se que a beleza é subjetiva.
O cognocentismo cartesiano é de pouca valia na questão do que é belo ou feio, mas a sensibilidade artística não deixará sem resposta o curioso.
O verdadeiro " angoleiro " não tem, em nenhum momento, o interesse de tornar " fácil ", para os observadores do "jogo", a interpretação dos seus movimentos mas exigir atenção especial para o universo cênico da Capoeira Angola. O " bailarino " traduz sua emoção sem se preocupar com uma estética pré-estabelecida mas com movimentos instintivos, através dos quais vai mostrando para a platéia sensível o que tem a exprimir. A expressão da força criadora do capoeirista angoleiro atinge sua plenitude quando acontece a íntima fusão entre a expressão e a forma associadas ao feeling.
A forma da Capoeira Angola é própria, o que eu chamaria de forma deformada para uma comparação com a forma objetiva racional. Daí, a Capoeira Angola não ter forma definida dentro do juízo objetivo, mas sim, subjetivo.
Só observará estética na Capoeira Angola, aquele que entendê-la como arte de homem, que um dia foi livre e naquele momento seu referencial primeiro foi a natureza, representada por todos os seus elementos, os quais já são estéticos na sua essência.
"Ninguém joga do meu jeito ", dizia Mestre Pastinha em sua singular sabedoria enquanto angoleiro que foi, o que significa dizer que na Capoeira Angola o belo e o feio se confundem com o objetivo de criar arte sem fragmentação.

Mestre Moraes