29 de abr. de 2009

Que tal um Green Peace para a Capoeira Angola?

Hoje em dia, apontar quem é angoleiro ou não, é estar pisando em areia movediça. Principalmente depois que o conceito do "ser angoleiro" ficou limitado a estereótipos que não são nada mais do que uma atividade circence ao som do berimbau, dando-se ênfase ao contorcionismo e às caretas. Daí, diante do elevado número de "angoleiros" que acreditam ser essa a característica única da capoeira angola, qualquer observador mais atento que chame a atenção para tal tipo de comportamento será levado à fogueira da inquisição. Já foi dito: a maioria sempre vence, mesmo que as idéias sejam baseadas num corporativismo irresponsável. Por isso, tenho preferido ater-me à discussão quanto ao que é ser capoeirista ou jogador de capoeira.
Conceituando, o capoeirista deve estar em condição de jogar na roda e na vida, enquanto o jogador de capoeira só está apto a jogar na roda.
Os símbolos, utilizados na roda de capoeira, são de pouca valia no jogo que enfrentamos diariamente no macro-mundo, caso queiramos ver a roda de capoeira como um micro-mundo, apesar de tantos elementos objetivos e subjetivos que a compõe.
A moda do "ser angoleiro" é, antes de qualquer coisa, um desrespeito àqueles que se fizeram capazes de ficar na história e nos servem, até hoje, como referência. Conseguiram, se utilisando dos elementos não palpáveis, confundir a sociedade que tinha e continua tendo um projeto voltado para a sistematização da capoeira e seu consequente controle.
Limitar a capoeira angola a essas efemeridades externas é dar suporte aos poderes, ditos organizados, para, tomando essa maioria imediatista como referência, decidir o que é ou não é capoeira angola.
Urge reconhecermos que a dificuldade para se chegar a um "denominador comum" entre os capoeiristas, nos moldes pensado pelo governo, é consequência dessa variedade de elementos subjacentes nunca entendidos pelos "de fora " daquele grupo identitário. A muitos interessa ver a capoeira angola como uma manifestação que possa ser praticada ou ensinada por qualquer pessoa, independente da necessidade de ter que aprender com alguém de reconhecida experiência. Quem teria a condição de reconhecer um angoleiro de verdade ou de mentira? Só para reflexão, utilizar-me-ei da seguinte metáfora: só quem realmente estiver em transe reconhecerá a condiçao de transe do outro.


Mestre Moraes.

6 comentários:

  1. Ao ler o texto, me vem à tona uma realidade, s.m.j. A capoeira, de início, foi um grande instrumento na libertação de correntes, e o poder constituído, sempre temeroso em perder sua vez, deu início a um processo de descaracterização dessa arma, o que culminou no que se tornou hoje a capoeira.
    Um verdadeiro Mestre, como Moraes, por certo deixa muito claro a importância do efetivo conhecimento, da educação e da capoeira como manifestação política nessa grande luta de libertação do nosso povo, seja através da capoeira, seja através do conhecimento, e por fim me pergunto quanto à libertação através da efetiva luta. Se faz necessária ?

    George Antonio Jesus.

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  2. kibeangola@hotmail.com disse...

    Meu nome é DAvid, sou coordenador do Núcleo do GCAP em São Luiz do Paraitinga, São Paulo.
    Mesmo sendo suspeito, tenho grande admiração pela luta do Mestre Moraes expressa neste texto.
    Através do seu discurso o Mestre nos orienta, a atentarmos ao desrespeito em andamento com o processo histórico da Capoeira Angola, através dos modismos estereótipos e da alienação sobre os verdadeiros valores dessa filosofia, presentes nos trabalhos que se coaptam com o projeto do poder voltado para sistematização da capoeira.
    Precisamos concentrarmos nos fundamentos deixados por nossos ancestrais da Capoeira Angola.
    Devemos buscar o aprendizado dessa filosofia com as pessoas que são autorizadas a ensinar pelos verdadeiros conhecedores dessa arte.
    O elo com a ancestralidade é a principal condição para estarmos em transe na Capoeira Angola.

    José David Evangelista da Fonseca

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  3. Eu não to ai o blog para?????

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  4. Todo mundo quer definir a capoeira.
    Todo mundo quer explicar a capoeira.
    Todo mundo gosta de dizer que sabe o que é a capoeira.

    Se perguntar a qualquer pessoa na rua, todo mundo se acha conhecedor da arte...todo mundo tem uma opinião sobre uma das infinitas vertentes.

    O fato de achar que qualquer um sabe / conhece / entende a capoeira é um insulto que por sua vez, tenta diminuir o significado da arte.... como se não precisasse estudá-la para entender-la como qualquer outro tema neste mundo.

    O Green Peace da capoeira deve existir.

    Existe cobrança por parte de alguns...mas são poucos os que fazem isto - imagine o que seria se não tivesse ninguem?!!

    O grande problema é que os grandes e verdadeiros mestres não se juntam para formar esse conselho.

    Cada um com suas interpretações das subjetividades desta arte...é muito complexa!

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  5. Mestre,

    Não entendi a relevância do título com o assunto abordado no seu artigo. Talvez o sentido metafórico do título seja muito grande, que escapou à minha compreensão.

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  6. A Capoeria pra mim que pratico e uma maravilha nossa tem muito golpes legais a ginga e entre outros a capoeira tem que te a malicia a quela vamos dizer a que corpo mole pra voce se denfender dos golpes as esquivas sao muitos importantes pra que e capoerista sabe que e muito importante quando eu vou para minha aula ja me sinto muito mais tranquilo voce começa da uns pulos das umas treinadas até começar a aula de verdade que e a onde a gente tem que prestar muinta atencao para pegar os movimentos para depois ser aplicado no jogo.

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