4 de abr. de 2010

Resposta a Koji ori e outros interessados.

Realmente, vejo-me na obrigação de contribuir com qualquer movimento social cujo objetivo seja corrigir preconceito em qualquer nível. A resistência, por parte de alguns capoeiristas, quase me leva a desistir da contribuição, mas como não costumo sair da roda quando apertam o jogo, continuo na peleja.

Com relação à letra da música que dá inicio ao seu comentário, o que me chamou atenção, durante muito tempo, foi a contradição entre a letra original e o que nos têm mostrado os vários trabalhos iconográficos sobre da capoeira, os quais não nos contemplam com imagens de capoeiristas maltrapilhos; ao contrário, o que vemos são capoeiristas trajando paletó, camisa de mangas compridas e sapato, a famosa “domingueira” .Quando interessava ao produtor da imagem mostrar uma falsa imagem da capoeira para justificar “tradição”, os capoeiristas eram travestidos de personagens do século XIX , em pleno meados do século XX.

Faz sentido, sim, a relação feita por você entre o trabalho musical do GCAP e a bateria do Mestre Traíra. Desde a primeira vez, quando ouvi o disco do mestre Traíra, não abri mão de tomá-lo como referência. Preocupo-me em não copiá-lo, mas seleciono e absorvo tudo que possa fazer a diferença entre o trabalho do GCAP e os outros.

A expressão “kumbi virô ie ie, é citada no trabalho do historiador Robert Slenes “Malungo, Ngoma vem!”África encoberta e descoberta no Brasil (1995). O autor nos orienta de como os escravizados se utilizavam de códigos linguísticos, desconhecidos pelos senhores para enganá-los. Resumindo, a expressão “kumbi virô ie ie”, dentre outras, era utilizada para falar da presença indesejável, por exemplo, do capitão do mato, Vale ressaltar que a expressão em causa é composta de vocábulos das línguas portuguesa e africana(bantu).

Importa, ainda hoje, que os capoeiristas se reencontrem com códigos que protejam a capoeira do envolvimento daqueles que vêem esta arte apenas como mais uma forma de amusement.

Moraes.

4 comentários:

  1. Grato Mestre Moraes.

    Walter Júnior Capoeira Atitude - Fortaleza - CE

    ResponderExcluir
  2. Mestre!

    Obrigado por mais um aprendizado!
    Abraço
    David

    ResponderExcluir
  3. IÊÊêê VIVA MESTRE PASTINHA !!!!!!

    ResponderExcluir
  4. Léopold Sédar Senghor, senegalês, escreveeu na decada de 30, "Conjunto dos valores culturais do mundo negro”.

    "...o homem negro é essencialmente religioso e cultural, ritual e celebrante, porque para ele existe um ente supremo, o "sagrado", que é o verdadeiro real
    ...o homem negro é simbólico, porque o seu mundo é o mundo das imagens e do concreto; todas as realidades materiais, visíveis e imediatas são anunciadoras e portadoras de outras realidades..."


    ...visto que a capoeira angola é hoje um movimento revolucionario negro do brasil, ou tvz o braço forte desse movimento nacional, vejo a responsabilidade/necessidade de cada angoleiro para com essa reflexão e atitude, tendo como referencia maior (e não diminuindo nenhum outro mestre de capoeira angola e sua importancia) o Mestre Moraes, e a sua dedicação a este bpropósito.
    embora nunca tenha conversado pessoalmente com o senhor, assim meu mestre me ensinou.
    obrigado pela atenção.

    ResponderExcluir

Ao deixar um comentário escreva seu nome e seu e-mail. Ajude-nos a fortalecer nossa rede de contatos!